VII Encontro Sul-americano de Estudos Agrários e Rurais

De 2 a 5 de Setembro | UFF Niterói - RJ - Brasil

 

 

 

15 anos semeando perspectivas

De 2 a 3 de setembro, pesquisadores da Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Peru e Uruguai se reúnem na Universidade Federal Fluminense para mais uma edição dos Encontros Sul-americanos de Estudos Agrários e Rurais. Em 2026, o ESEAR celebra 15 anos de debates e reflexões conjuntas.

Programação

02 de Setembro | 2025

09:00
INAUGURAÇÃO

As desigualdades na agenda acadêmica brasileira

 

Giselle Martins Venancio, Cátedra Unesco: Desigualdades Globais | UFF

Antônio Carlos Jucá, Instituto Nacional de Tecnologia – CNPQ | UFRJ

10:30
PALESTRAS

 

Mecanismos de recrutamento e formas de coerção laboral dos mergulhadores das pescarias de pérolas do Caribe: rotas, lugares e atores durante a primeira metade do século XVI

 

Fidel Rodríguez Velásquez | Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) – Brasil

Descarbonização e a questão agrária do século XXI: Assim na terra como no céu

 

Camila Moreno | FAPERJ/ PPGH-Cátedra UNESCO Desigualdades Globais, UFF – Brasil

Terras indígenas para colonização agrícola: permanência indígena e projeto de devassamento do Riacho do Mato (Pernambuco, 1860-1880)

 

Mariana Albuquerque Dantas | Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) – Brasil

14:00

Renta agraria y terratenientes en Uruguay, 1873-2019

 

Gabriel Oyhantçabal | Universidad de la República (Udelar) – Uruguai

Trabalho e coerção nos tempos sem norma e nas terras sem lei: Trabalho compulsório no boom agroexportador (1890-1930)

 

Norberto O. Ferreras | UFF – Brasil

Contra el Latifundio: El frustrado intento del Estado uruguayo por expropiar la estancia “La Gloria” en Uruguay (1948-1959

 

Agustín Juncal Pérez | Universidad de la República (Udelar) – Uruguai

Latifundio y desarrollo agrícola en la Argentina pre-peronista: una relación compleja (1920-1940)

 

Pablo Volkind | Universidad de Buenos Aires (UBA) – Argentina

Quem Vem

Argentina | Brasil | Chile | Costa Rica | Peru | Uruguai

Agustín Juncal
Agustín Juncal

Universidad de la República - Uruguai

Claudio Robles Ortiz
Claudio Robles Ortiz

Universidad de Santiago de Chile/ ALARH - Chile

Fidel Rodríguez Velásquez
Fidel Rodríguez Velásquez

Pontificia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) - Brasil

Joana Salém Vasconcelos
Joana Salém Vasconcelos

Universidade Federal do ABC (UFABC) - Brasil

Juan Manuel Cerdá
Juan Manuel Cerdá

CEAR/Universidad Nacional de Quilmes (UNQ) | CONICET - Argentina

María Inés Moraes
María Inés Moraes

Universidad de la República (Udelar) - Uruguai

Mariana Albuquerque Dantas
Mariana Albuquerque Dantas

Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) - Brasil

Camila Moreno
Camila Moreno

FAPERJ/ PPGH-Cátedra UNESCO Desigualdades Globais, UFF - Brasil

Débora Lerrer
Débora Lerrer

Débora Lerrer | CPDA/ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) - Brasil

Gabriel Oyhantçabal
Gabriel Oyhantçabal

Universidad de la República (Udelar) - Uruguai

João Fragoso
João Fragoso

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/ INCT/CNPq - Brasil

Karen Souza da Silva Kanto
Karen Souza da Silva Kanto

CEAR/UNQ - Argentina/PPGH/UFF - Brasil

Maria Sarita Mota
Maria Sarita Mota

CIES-ISCTE – Portugal | FAPERJ/UFF- Brasil

Norberto O. Ferreras
Norberto O. Ferreras

UFF - Brasil

Vanderlei Vazelesk Ribeiro
Vanderlei Vazelesk Ribeiro

UNIRIO - Brasil

César Augusto Martins de Souza
César Augusto Martins de Souza

Universidade Federal do Pará (UFPA) - Brasil

Felipe de Melo Alvarenga
Felipe de Melo Alvarenga

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) – Brasil

Gustavo Zarrilli
Gustavo Zarrilli

Universidad Nacional de Quilmes (UNQ) | CONICET - Argentina

Jonis Freire
Jonis Freire

CEO/UFF - Brasil

María Fernanda Barcos
María Fernanda Barcos

Universidad Nacional de La Plata/CONICET - Argentina

María Verónica Secreto
María Verónica Secreto

ESCRITHAS/UFF - Brasil

Pablo Volkind
Pablo Volkind

UBA - Facultad de Filosofía y Letras/Facultad de Ciencias Económicas-Programa de Investigaciones en Historia Agraria - Argentina

Wilson Picado Umaña
Wilson Picado Umaña

Universidad Nacional de Costa Rica - Costa Rica

Resumos

Mecanismos de recrutamento e formas de coerção laboral dos mergulhadores das pescarias de pérolas do Caribe: rotas, lugares e atores durante a primeira metade do século XVI

Fidel Rodríguez Velásquez

A pesquisa examina os mecanismos de recrutamento e as formas de coerção laboral que afetaram os mergulhadores das pescarias de pérolas no Caribe durante a primeira metade do século XVI. A partir de fontes notariais, judiciais e administrativas, o estudo reconstrói as rotas de deslocamento, os locais de extração e os atores envolvidos na exploração desse trabalho especializado. O comércio de pérolas, integrado a circuitos atlânticos, demandou mão de obra altamente treinada, em grande parte composta por populações originárias das costas e arquipélagos caribenhos, mas também da costa ocidental africana e da Península Ibérica. O acesso a essa força de trabalho não se sustentou apenas em trocas voluntárias: coexistiram mecanismos formais de contratação com práticas coercitivas, como captura violenta, endividamento forçado, escravidão e sujeição compulsória. A análise cartográfica e prosopográfica de casos documentados permite identificar redes de intermediários — desde comerciantes até autoridades locais — que articularam o fornecimento de mergulhadores para zonas de extração situadas principalmente na ilha de Cubagua, localizada no sudeste do Caribe. Ao situar rotas, lugares e atores em uma mesma trama analítica, esta pesquisa contribui para uma compreensão mais ampla da exploração laboral e da mobilidade forçada nos primeiros decênios da presença ibérica no Caribe.

Descarbonização e a questão agrária do século XXI. Assim na terra como no céu

Camila Moreno

Esta contribuição trata da incorporação da terra e das áreas rurais em novas lógicas de valoração vinculadas ao regime global de governança climática e seus impactos sobre comunidades locais e povos originários. A reflexão tem como base uma visão crítica do processo universalizante da métrica do carbono como vetor transversal de normatização política e tecnológica, que depende de forjar uma mentalidade específica, que engendra novas relações de propriedade e novas equações de poder. Há uma década, com o Acordo de Paris firmado em 2015, o regime multilateral de combate à mudanças climáticas alcançou outro patamar: a criação de um livro de regras de aplicação universal – para países desenvolvidos e em desenvolvimento – e a arquitetura para um mercado global do ‘carbono’. A ideia de que é possível “governar o clima” é racionalizada em contabilidade de emissões de gases de efeito estufa, metas de descarbonização e quantificação de resultados de ações climáticas, de mitigação e de adaptação. Para esta grande contabilidade global, o papel da “terra” tem ganhado grande destaque, em especial o potencial em áreas tropicais do globo – onde a natureza trabalha mais pelo clima, em função da maior insolação e maior capacidade de fotossíntese para o ciclo do carbono. As chamadas Soluções baseadas na Natureza (Nature-based Solutions, NbS) representam hoje, segundo a ciência do IPCC, cerca 30% das oportunidades de mitigação – quase 1/3 das emissões globais. Na ordem econômica da descarbonização, o Setor das NbS é hoje uma aposta estrutural da indústria global de bens e serviços ambientais e nas oportunidades de ‘regeneração’ e ‘restauração’ em agricultura, florestas, mangues, etc. Neste processo, comunidade locais e povos originários passam a ser ressignificados como guardiões, provedores de soluções, agentes de restauração/regeneração, e de forma acelerada, vinculados e dependentes das novas cadeias globais de empregos ecossistêmicos ligados ao comércio global do carbono.

Terras indígenas para colonização agrícola: permanência indígena e projeto de devassamento do Riacho do Mato (Pernambuco, 1860-1880)

Mariana Albuquerque Dantas

A intervenção do Estado brasileiro nos aldeamentos indígenas no século XIX ocorreu de maneira heterogênea ao longo do território do país em construção. Diante da multiplicidade de situações históricas vivenciadas pelos indígenas, o conjunto legislativo imperial previa, sem contradizer-se, a criação e manutenção de novos aldeamentos, bem como a extinção dos mais antigos. Como resultado de um longo processo, muitos aldeamentos indígenas foram extintos, com fundamentação nas leis imperiais, em áreas de antiga colonização. É possível mapear tal processo, ao longo do século XIX, nas províncias do Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, entre outras. Esta comunicação busca analisar um caso particular ocorrido na Zona da Mata Sul de Pernambuco, entre as décadas de 1860 e 1880, em que o aldeamento do Riacho do Mato foi criado, extinto e transformado na Colônia Agrícola Socorro. Refúgio criado como resultado da participação de indígenas de diferentes aldeamentos na Guerra dos Cabanos (1832-35), o Riacho do Mato foi estabelecido a partir da habilidade de lideranças indígenas em fazer cumprir suas demandas, lidas pelo governo provincial tanto a partir das legislações fundiária e indigenista, quanto do medo de novos levantes na região. Após a extinção de todos os aldeamentos de Pernambuco, que ocorreu entre as décadas de 1860 e 1870, o território do antigo aldeamento do Riacho do Mato foi transformado em colônia agrícola para reunir retirantes da seca de 1877. A circulação de milhares de retirantes, transformados em colonos, e a concessão de lotes impactaram fortemente a vida dos indígenas que continuaram habitando no Riacho do Mato. A pesquisa analisa a permanência dos indígenas naquele território e as mudanças ocorridas nas formas de acesso às terras coletivas do antigo aldeamento. 

Renta agraria y terratenientes en Uruguay, 1873-2019

Gabriel Oyhantçabal Benelli e Ignacio Narbondo

La renta de la tierra es una forma de la plusvalía que remunera y da forma a una clase social, los terratenientes. Esta forma del ingreso es particularmente relevante en sociedades cuyo rol en la división internacional del trabajo se caracteriza por la exportación de mercancías agrarias. No obstante esta centralidad, el estudio de los terratenientes ha tendido a quedar relegado en los análisis clásicos de las clases sociales agrarias, a diferencia de lo que ocurre con empresarios, campesinos/productores familiares y asalariados. La presentación busca (re)colocar el problema de la renta de la tierra y de los terratenientes en el centro de los debates sobre la cuestión agraria contemporánea. Se realiza un breve recorrido del lugar que han ocupado los terratenientes y la renta agraria en las ciencias sociales; se presenta una estimación de largo plazo de la renta agraria en Uruguay de 1873 a 2019, discriminando entre la renta que apropian los terratenientes y la que “escapa” del sector agrario por efecto de políticas públicas; y se presenta una estimación de la distribución funcional del ingreso de largo plazo a nivel sectorial y nacional considerando el peso de la renta de la tierra para calibrar la gravitación de los terratenientes en la apropiación del excedente a lo largo del tiempo.

Trabalho e coerção nos tempos sem norma e nas terras sem lei. Trabalho compulsório no boom agroexportador (1890-1930)

Norberto O. Ferreras

 Em toda América Latina foram noticiados casos que pareciam aberrantes de trabalhadores em condições de extrema exploração. Da península de Iucatã ao Chaco Argentino, os casos se acumularam, apresentados sempre como situações excepcionais. Diferentes grupos humanos, sem importar etnia ou origem nacional, atravessaram situações de extrema exploração que tomaram estado público de forma fortuita ou por situações excepcionais. Nesta apresentação faremos uma análise do trabalho compulsório em sistemas extrativistas na virada do século XIX para o XX associando a produção de matérias primas com a necessidade de fixação compulsória dos trabalhadores.

Contra o Latifúndio. El frustrado intento del Estado uruguayo por expropiar la estancia “La Gloria” en Uruguay (1948-1959)

Agustín Juncal.

En 1948 el Instituto Nacional de Colonización (INC) fue creado por ley 11.029 con el propósito de contrarrestar los efectos sociales del latifundio y la concentración de la tierra. En ese contexto, esta ponencia explora el conflicto político sobre la estancia La Gloria, ubicada en la 6ª sección del departamento de Paysandú, entre el INC y los herederos del general brasileño Antonio Sousa Netto (1801-1866). Las relaciones se iniciaron el 25 de setiembre de 1948 cuando el directorio del INC recibió el ofrecimiento de compra directa de la estancia. Los herederos del general ofrecieron directamente al Estado los campos cuya superficie superaba las 16 mil hectáreas. Tras no alcanzar un acuerdo en primera instancia, sobre el precio y las condiciones de una compra directa, el directorio del INC decidió designar el campo para expropiación. De allí en adelante se inicia una controversia sobre la posible expropiación que tiene sucesivas actuaciones administrativas entre 1948 y 1959. A través de las actas del directorio del INC y el seguimiento de prensa, la ponencia pretende mostrar el derrotero de esta estancia que siguió en manos de sus herederos y, por lo tanto, finalmente no pasó a formar parte de las tierras públicas del Estado.

Latifundio y desarrollo agrícola en la Argentina pre-peronista: una relación compleja (1920-1940)

Pablo Volkind

En este trabajo nos proponemos analizar los principales cambios que se operaron en la estructura de la propiedad y su impacto entre los pequeños y medianos agricultores entre 1920 y 1940. El análisis de este período, que se nutre de investigaciones previas enfocadas en la etapa 1880-1914, permite advertir que las modificaciones que se operaron en el patrón de tenencia de la tierra durante los `20 no pudieron superar, en una proporción mayoritaria, el impacto de la crisis económica de 1930. De ese modo, un significativo porcentaje de productores que había accedido a la compra de una chacra, a través de un crédito inmobiliario, no pudo afrontar sus deudas y perdió el campo que había adquirido. De ese modo, durante la década del `30 se produjo una reversión del proceso de desconcentración y se afirmaron las grandes propiedades, tal como se evidencia a través del análisis de los datos censales de 1937. Frente a una coyuntura caracterizada por el endeudamiento, los desalojos y las dificultades de mercado, los agricultores protagonizaron una serie de conflictos que llevaron al propio gobierno conservador, encabezado por Castillo, a imponer la suspensión de los desalojos en 1940. Así, en los albores del golpe de Estado de 1943 lo fundamental del patrón de propiedad de la tierra en la provincia de Buenos Aires no se había modificado y esto contribuye a comprender el impacto que tuvieron las políticas que impulsó Perón hacia este sector, tanto en el marco de aquella dictadura como durante sus primeros dos gobiernos.

Das antigas freguesias rurais à Zona Oeste do Rio de Janeiro: regularização fundiária e mudanças no uso da terra

Sarita Mota

O trabalho analisa as transformações territoriais da Zona Oeste do Rio de Janeiro, historicamente formada por freguesias rurais, a partir dos processos de regularização fundiária iniciados nos anos 1980. Com base em pesquisa documental e empírica, examina como políticas públicas, expansão urbana e ocupações industriais reconfiguraram a paisagem e o uso da terra, deslocando populações e substituindo práticas agrícolas por dinâmicas voltadas ao mercado imobiliário e industrial. Considera-se a sobreposição de normas estatais, comunitárias e privadas, bem como o controle exercido por grupos armados, evidenciando que, em determinados contextos, a regularização atua como máquina de aniquilamento, no sentido deleuze-guattariano, ao formalizar expulsões, fragmentações e redefinir o território segundo lógicas alheias à justiça fundiária. O estudo contribui para o debate historiográfico sobre posse, propriedade e permanência em áreas rurais afetadas pela urbanização e pelo avanço do capital sobre antigas áreas agrícolas.

Planejando a “crise” da escravidão a partir das "últimas vontades" (Vale do Paraíba Fluminense, 1878-1888

Felipe de Melo Alvarenga

No mês de julho de 1878, foi realizado o primeiro Congresso Agrícola sediado no Rio de Janeiro. O Ministro de Negócios de Agricultura, Comércio e Obras Públicas, o senhor João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, convocou os fazendeiros e lavradores das províncias do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo para discutirem a realidade da lavoura agrícola, em especial, da cafeicultura. A maioria das questões estavam relacionadas ao problema da mão de obra, à “crise da lavoura cafeeira”, à falta de capitais e créditos direcionados para os empreendimentos rurais, e às alternativas possíveis para o mercado de trabalho no contexto da “crise” considerada. Discutia-se, ali, o que a historiografia chamou de “transição do trabalho escravo para o livre” e os percalços e desafios que adviriam deste processo, na tentativa de minimizar seus danos e contornar a “crise” de maneira equilibrada, sem cortes revolucionários abruptos que modificassem a estrutura social do país. Nesta comunicação, propomos um método que nos permita visualizar todo um “movimento” de formulação de projetos no tempo que foram ensaiados na última década escravista partindo da análise das “últimas vontades”. Coletamos 210 testamentos entre os anos de 1878 e 1888 nos municípios de Valença, Piraí e Vassouras para analisarmos as estratégias de cada senhor para lidar com a “crise” agrária e agrícola e com a “transição” das relações trabalhistas. Nesta região, compreenderemos como foi idealizado um mercado de trabalho projetado nestas últimas vontades e identificaremos a forma como esses testadores buscaram controlar a terra, o trabalho e o capital empatado em suas fazendas. Separamos estas intenções em três eixos: os projetos monetários, os projetos fundiários e os projetos escravistas. A partir deles, compreenderemos como, depois de 1878, estes senhores formularam planos ao longo da última década da escravidão para as suas propriedades. Esta será a nossa estratégia analítica para descongelar os discursos da “crise” tão comentada no Congresso de 1878.

Notas sobre a face oculta dos engenhos de açúcar escravista: práticas costumeiras de acesso à terra (Rio de Janeiro, 1740-1800)

 João Fragoso

Estudo das estratégias de permanência das famílias de forros (ex-escravos) e da nobreza da terra decadente à propriedade costumeira da terra (lavouras e benfeitorias) no interior e/ou nas cercanias dos engenhos de açúcar escravistas, isso em meio e apesar das mudanças de titularidade legal dos últimos domínios rurais. O estudo terá por base freguesias rurais da praça mercantil do Rio de Janeiro na segunda metade do século XVIII. A pesquisa se embasa no cruzamento, sob a perspectiva da micro-história italiana, de fontes como os registros paroquiais (batismos e casamentos), os Mapas de População e as escrituras públicas de Ofícios Notariais.

Comércio nacional de escravizados e atividades agrárias no Norte Fluminense (c.1850 - c.1888)

Jonis Freire

O comércio nacional de cativos (intraprovincial, interprovincial e local) esteve entre os principais meios de manutenção/ampliação da mão de obra escravizada em duas importantes localidades do norte fluminense, Campos dos Goytacazes e Macaé, entre c.1850 e c.1885. Esse comércio nacional de escravizados era reflexo das dinâmicas e diversificadas estruturas agrárias das duas cidades, o que se vislumbra pelas análises econômicas e demográficas acerca desse comércio e dos envolvidos nas transações de compra e venda de escravizados. Por meio do imposto de meia-siza de escravos é possível perceber: as rotas, vendedores, compradores, ocupações, idades, valores, sexo, locais de chegada e saída de cativos. A partir dessa fonte, aprofundamos tanto o conhecimento e organização do negócio, bem como o papel de Campos e Macaé na ampliação/manutenção da mão de obra escravizada na província do Rio de Janeiro no período em questão. Outro objetivo desse estudo é o de abastecer um banco de dados, de acesso aberto, que será disponibilizado gratuitamente na internet.

Reforma e contrarreforma agrária no Peru: um breve olhar para a experiência das cooperativas (1962-1995)

Vanderlei Vazelesk Ribeiro 

Durante a década de 1960, entre os que defendiam a realização de uma reforma agrária nos diversos países latino-americanos  era consensual que o trabalho no setor reformado deveria ser organizado em cooperativas, posto que o camponês  não teria condições de competir pelos recursos necessários ao cultivo da terra. Neste trabalho discutiremos o processo de implementação das cooperativas durante a aplicação  da reforma agrária peruana, iniciado a partir de 1962 com a legitimaçãopelo Estado  das ocupações de terra da província de La Convención (Cuzco), aprofundado face à lei 15037 de 1964, e acelerado com o decreto-lei 17716 de 1969, sob o regime militar do general Velasco Alvarado. Inicialmente analisaremos a implantação do modelo  no imediato pós-1969, fossem as Cooperativas agrárias de Produção (costa), que buscaram cooperativizar antigas grandes fazendas, fosse via Sociedades Agrícolas de Interesse Social  (serra), que tentaram fundir numa só unidade produtiva grandes fazendas e comunidades campesinas lindeiras. Posteriormente avaliaremos  as dificuldades para o funcionamento do modelo.  Para o caso da costa às disputas entre técnicos e trabalhadores, para a serra às disputas entre fazendas e comunidades, que já se desenvolviam décadas antes da reforma,  bem como a falta de estímulo governamental, seja pela negação do crédito a partir de 1975, depois da queda de Velasco e, principalmente face ao retorno de Belaúnde Terry à presidência, em 1980,  e ao início de uma política neoliberal, expressa na importação de alimentos, que o país produzia,  radicalizada sob a ditadura de Alberto Fujimori, que chegara ao poder em 1990.Finalmente refletiremos sobre as memórias relativas ao tempo da cooperativa, muito associadas à noção  de que nelas não se trabalhava e a corrupção de  muitos de seus dirigentes.

El 'colapso de la agricultura' en el conflicto político en Chile durante el gobierno de la Unidad Popular

Claudio Robles Ortiz 

Esta ponencia examina el impacto de la drástica caída de la producción agropecuaria en Chile durante el gobierno de la Unidad Popular en el conflicto político entre las organizaciones de grandes terratenientes, principalmente la Sociedad Nacional de Agricultura (SNA), y las autoridades económicas y las instituciones agrarias. En particular, el trabajo trata la confrontación respecto de las causas del ‘colapso’ de la producción y su relación con la escasez de productos agrícolas básicos (por ejemplo, el trigo) y el creciente mercado negro. El trabajo argumenta que la crisis de la producción permitió a las organizaciones de grandes terratenientes intensificar su oposición a la política agraria Unidad Popular, responsabilizando al gobierno por la supuesta desarticulación del sector privado y la baja contribución del “sector reformado”, es decir, los asentamientos y centros de producción creados con las tierras expropiadas. Así, el “problema de la producción” se instaló como asunto relevante del conflicto político, contribuyendo a la deslegitimación de la reforma agraria de la Unidad Popular por parte de las organizaciones empresariales y los partidos opositores.

Reformas agrárias e conflitos territoriais na América Latina: um olhar comparativo sobre Cuba e Chile (1950-1980)

Joana Salém Vasconcelos 

Cuba e Chile são países emblemáticos nos estudos internacionais de experiências socialistas, embora suas histórias nacionais tenham se desdobrado em percursos antagônicos. Em meu percurso de pesquisa, do mestrado ao doutorado, investiguei as dinâmicas econômicas, sociais e políticas das reformas agrárias destes países, com foco na compreensão dos conflitos no campo e das novas formas de propriedade e trabalho configuradas por tais transformações. Nesta exposição, pretendo lançar um olhar comparativo e panorâmico sobre as experiências de reforma agrária de Cuba e Chile, contextualizados em perspectiva latino-americana – isto é, considerando a correlação direta e influência mútua entre diversos processos de reformas agrárias latino-americanas das décadas de 1950 a 1970. 

O trabalhismo agrário e o recalque da questão agrária

Debora Lerrer

O principal diretório do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) era o Rio Grande do Sul; antes do Golpe de 1964, era o Rio Grande do Sul o lugar de origem de suas principais lideranças políticas. Este trabalho apresenta a hipótese de que a reforma agrária era uma das bandeiras mais importantes deste partido e é justamente por conta dela que os defensores do Golpe de 64 tiveram êxito em justificá-lo por combater o comunismo, levando a um enquadramento de memória que silenciou a ideologia trabalhista formulada por Alberto Pasqualini, bem como o papel institucional  dos trabalhistas na disputa pela realização de uma reforma agrária no Brasil, já no início do interregno democrático de 1946-1964. Esta hipótese se baseia no fato de que na Constituição do Rio Grande do Sul, elaborada em 1947,  apresentava em seu capítulo da Ordem Econômica e Social dispositivos que viabilizavam a realização de desapropriação de terras a partir da demanda de, no mínimo, 100 agricultores sem terra, mais tarde aproveitado por Leonel Brizola quando foi governador do Rio Grande do Sul.

Compreender como a questão agrária era representada pelos trabalhistas no interregno democrático ocorrido em 1945 a 1964 tem por objetivo aprofundar a compreensão de como se cristalizou o “recalque da questão agrária brasileira” (Lerrer 2023), a ponto de termos assistido, a partir das gestões do Partido do Trabalhadores, em 2003, a  uma crescente marginalização da reforma agrária, medida prevista na Constituição de 1988 e à qual o Partido dos Trabalhadores dos presidentes Lula da Silva e Dilma Roussef era historicamente vinculado. Este paper tem por objetivo levantar a hipótese que o recalque dos governos petistas com relação à reforma agrária contribuiu para o  robustecimento da direita e enfraquecimento da base social do PT em diferentes regiões do país.

Contrabando y bandolerismo rural en la frontera inter-imperial del Río de la Plata, 1780-1810

María Inés Moraes

Esta presentación resume resultados recientes de investigación sobre un subgrupo subalterno de los mundos rurales rioplatenses en las décadas finales del dominio español: los sujetos que componían los eslabones más pobres de la extensa cadena de grupos sociales involucrados en el contrabando entre los imperios ibéricos. Pone el foco en formas de vida rural solo parcialmente vinculadas a lo agrario, y apenas indirectamente vinculadas a la tierra, como el contrabando y diversas prácticas que pueden clasificarse dentro del concepto de bandolerismo rural. Incluye una caracterización sociodemográfica de los sujetos sociales involucrados en el tráfico, una descripción de las mercaderías, las rutas y en general la geografía del tráfico ilícito, y de las redes sociales formadas por estos sujetos. Concluye con una reflexión sobre la condición rural de los modos de vida aquí analizados.

Revisitando el movimiento fronterizo: "El trabajo de la civilización" en el proceso de mercantilización de tierras a finales del siglo XIX

Karen Souza Da Silva Kanto 

Nada más ochocentista que el movimiento científico, económico, agrícola e industrial que, impulsado por la imagen de una Europa imitable, se reprodujo como traducción modelar a ser seguida por los nuevos pueblos “libres, civilizados y laboriosos” de las sociedades americanas. En finales del siglo XIX, políticos, militares y grandes propietarios de tierras anduvieron por los desiertos conquistados, relacionando las poblaciones indígenas con el vacío y la barbarie que impedía el flujo civilizatorio a las regiones de frontera. La extensa zona intencionalmente desertificada consolidó la propiedad terrateniente en la Patagonia argentina. Muchas tierras en pocas manos caracterizaron el proceso de expansión de grandes posesiones beneficiadas por la política estatal de avance de las fronteras internas por las campañas militares de ocupación de los espacios indígenas. Tempranamente, la legislación argentina se encargó de vender posibilidades de relatos ausentes de materialidad. La Ley sobre línea de fronteras de 1878 fijó las bases para las andanzas terratenientes. Vendió cuatro mil títulos respaldados en apropiaciones futuras, pagó intereses a los compradores de los bonos, compró la guerra de sus propios señores. Situándonos en los desdoblamientos de la Campaña del Desierto en la Patagonia nos proponemos entender el desierto como construcción que posibilitó el alargamiento de la frontera civilizatoria agropecuaria sobre el medio natural.

Conflictos en torno a los derechos de propiedad en contextos de “guerra civil”. El Estado de Buenos Aires, 1854-1861 (Argentina)

María Fernanda Barcos 

El siglo XIX argentino tuvo un hito fundamental el 3 de febrero de 1852 cuando una heterogénea coalición integrada por las provincias de Entre Ríos y Corrientes, la República Oriental del Uruguay y el Imperio de Brasil puso fin al liderazgo del gobernador de Buenos Aires, y líder de la Confederación Argentina, Juan M. de Rosas luego de casi 30 años en el poder. Si bien la batalla de Caseros fue rápida, la transición no fue fácil pues pasaron “diez años de discordia” hasta que se pudieron sentar las bases mínimas para un acuerdo de organización nacional para la República Argentina (Halperin Dongui 1995: XI-CI). Durante esa década de conflicto existieron dos estados paralelos: el Estado de Buenos Aires y la Confederación Argentina, cada uno con su propia organización constitucional (Scobie 1964). La historiografía especializada pasó de entender este periodo como una mera pausa en un proceso de unificación destinado a producirse, a darle entidad propia. Al ampliarse y problematizarse el nivel de conocimiento del periodo surgen nuevos interrogantes, especialmente la problemática de los derechos de propiedad en este contexto de fragmentación territorial y guerra civil. Esta cuestión es central porque fue precisamente durante la década de 1850 y en vigencia del nuevo Estado de Buenos Aires, cuando se retomaron los proyectos liberales relacionados con el tema de la privatización de la tierra pública. Las medidas de reorganización en esta materia, y que incluyeron procesos de desamortización, clarificación de derechos y ventas privadas, no fueron una novedad local pues en gran parte de Iberoamérica se generaron medidas de esta índole. Este trabajo aborda la problemática de los derechos de propiedad durante el proceso de construcción del Estado de Buenos Aires y en un contexto de guerra civil. Se concentra en la coyuntura general que se abrió luego de la caída del gobernador Juan M. de Rosas, pero especialmente luego del enfrentamiento interno que se generó en Buenos Aires y que derivó en la rebelión del 1° de diciembre de 1852.  Desde una perspectiva multidisciplinar centrada en la historia agraria y la historia del derecho, en la larga tradición del Derecho Indiano al derecho patrio (Tau Anzoátegui 1976) se busca incluir el caso argentino en la discusión respecto de cuál fue el rol de las fuerzas de la guerra en los procesos de construcción de los Estados-Nación (Armitage 2012, Garavaglia, Pro-Ruiz y Zimmermann 2012, Capdevila 2016).

Mercado vs política. La propiedad en el siglo XIX, desde inicios hasta la década de 1850

María Verónica Secreto 

Las revoluciones atlánticas asumen la forma del triunfo del individuo y del individualismo posesivo. Esa dimensión propietarista de las revoluciones guardó en su amague un sentido “emancipador” en oposición a las formas absolutistas de la propiedad tutelada. Pero esa forma emancipadora en lo discursivo fue, de hecho, politizada en el sentido más literal del término.  Con la expropiación se castigó a los “enemigos” y con la propiedad se premió a los “leales”. Los títulos negociados en el incipiente mercado muchas veces fueron “premios” por las acciones en el campo de batalla. La hipótesis de la temprana financiarización de la tierra en el caso argentino (el préstamo de Rivadavia con Baring Brothers en 1824 y la ley de enfiteusis a él vinculada) se enreda con las necesidades políticas y con la utilización del abundante cuerpo legislativo hecha por los hombres próximos al estado. Hablamos de proximidad política o personal. Entre 1810 y 1852 (entre la revolución de la independencia y la batalla de Caseros) la provincia de Buenos Aires fue un campo experimental en que la propiedad de la tierra constituyó el pilar de una serie de negociaciones, que tuvo su ápice en el pleito Pirán-Anchorena de 1858 (dos apellidos propietarios por excelencia), a respecto del derecho sobre una finca negociada en 1833. En 1858 los senadores Domingo Faustino Sarmiento; José Mármol; Vélez Sarsfield; Marcelo Gamboa; Juan José Alsina discutieron sobre la legitimidad de las leyes del período rosista, después de que ellos mismos habían derogado las leyes de ese período y expropiado al propio “gobernador”. La ponencia buscará describir algunos de los mecanismos utilizados por los propietarios para ampliar y asegurar sus dominios entre los marcos temporales de 1810 y 1858, tomando el pleito Pirán-Anchorena como indicador de los discursos liberales del período post Caseros.

Ganadería y transformación del monte chaqueño: dinámicas ambientales, económicas y territoriales (1990–2024)

Adrián Gustavo Zarrilli

En las últimas décadas, el Gran Chaco argentino se consolidó como una de las principales fronteras de expansión agropecuaria del país. Si bien el avance de la agricultura industrial —en particular, el cultivo de soja— ha sido ampliamente estudiado, el papel de la ganadería en la transformación del territorio chaqueño ha recibido menor atención. Este trabajo analiza, desde una perspectiva de historia ambiental, el rol de la ganadería bovina como motor específico de cambio ambiental, económico y territorial entre 1990 y 2024. Se examinan los principales vectores de expansión ganadera sobre los montes nativos, considerando factores económicos (valorización de la tierra, inversiones, mercados cárnicos), políticos (incentivos, infraestructura, débil control ambiental) y tecnológicos (desmontes mecanizados, pasturas implantadas, modelos silvopastoriles). El análisis presta especial atención a cómo la ganadería reconfiguró los usos del suelo, favoreciendo nuevas formas de apropiación territorial, concentración de tierras y conflictos socioambientales. Mediante una periodización crítica, se argumenta que la ganadería no fue un mero subproducto del corrimiento agrícola, sino un actor con dinámica propia que impulsó y sostuvo el avance de la frontera agropecuaria chaqueña. La ponencia busca aportar al debate sobre las transformaciones recientes del mundo rural argentino, destacando la compleja articulación entre producción ganadera, desmontes, actores sociales y cambios en los paisajes del Gran Chaco.

“Proteína: Historia rural de una macromolécula”

Wilson Picado Umaña

Las proteínas son moléculas biológicas complejas indispensables para la mayoría de los procesos vitales del cuerpo humano. A pesar de su importancia, la historia rural y ambiental del consumo humano de proteínas no está bien documentada. La apropiación de fuentes de proteína animal y vegetal por parte de los seres humanos en el pasado ha impactado significativamente la biodiversidad, alterando los sistemas agrarios, paisajes y ecosistemas en general. En el contexto del auge global del consumo de proteína durante el siglo XX, la presentación examina el consumo de proteínas, en Centroamérica de 1950 a 1990, a través de tres procesos históricos. Primero, analiza el auge de la exportación de carne vacuna de Centroamérica a Estados Unidos entre 1960 y 1990, destacando sus impactos sociales y ambientales. Segundo, explora el mejoramiento de variedades de frijol por parte del Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) en Centroamérica durante las décadas de 1970 y 1980 y su papel en la transformación de las prácticas agrícolas y la mejora de la nutrición humana. Finalmente, el artículo considera los efectos de los programas de ayuda alimentaria de Estados Unidos durante la Guerra Fría en el consumo de proteínas en Centroamérica. Este estudio tiene como objetivo reexaminar la historia de la Revolución Verde desde la perspectiva de la ingesta de proteínas y calorías, abordando las relaciones entre el denominado mejoramiento de plantas, la nutrición pública y sus implicaciones para la salud humana.

Territórios do Queijo do Marajó: tradições, identificação geográfica e tecnologias nos séculos XX e XXI

César Augusto Martins de Souza e Monique Medeiros

O queijo do Marajó foi desenvolvido no maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo, no final do século XIX, logo após a introdução e aumento da criação de bubalinos. Escritos literários e memórias do período relatam processos de fazer do queijo que logo foram incorporados ao cotidiano do campesinato que encontrava não apenas uma meio de produção, como também de construção de territórios relacionados ao pertencimento e ao ser de um lugar e de algo. Ao longo do século XX, se desenvolveu o processo de comercialização do queijo, até receber, no século XXI, o Selo de Identificação Geográfica e o Selo Arte. A documentação aponta que os selos trouxeram as exigências sanitárias de modernização da produção que, de forma progressiva, têm funcionado como mecanismo de exclusão de artesãos tradicionais. Estes, são, aos poucos, substituídos por negócios empresariais do Queijo que conseguem se adequar aos custos relacionado às normativas e, assim, acessar mercados na capital do Estado e em outros lugares do Brasil.

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